quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quesões "to be or not to be"....

Ontem fui fazer uma caminhada e encontrei o marido de uma amiga na praça. Ele tem 63 anos e, casado novamente há poucos anos, está esperando o segundo bebê do novo casamento. Trata-se de uma pessoa à qual admiro muito por sua postura diante da vida, postura que, inclusive, inclui uma vitalidade que o faz parecer fisicamente pelo menos vinte anos mais jovem. Aconteceu que, no meio da conversa, quando eu, levianamente, pronunciei a palavra "felicidade", ele me assaltou com a seguinte pergunta: "Mas, Paulo, o que é, pra você, felicidade?".
Essa pergunta me deixou mudo por alguns segundos... e, acreditem, não há muitas coisas capazes de fazê-lo, hehehe. Então, eu disse não ter opinião formada sobre o assunto, e não sabeer a resposta, apesar de ter muitos conceitos que caminham nessa direção. Então, discorri um pouco sobre tais conceitos, dizendo que, para mim, felicidade é um estado de espírito, e que não devemos delegar a responsabilidade de nossa felicidade a outrem, pois, além de ineficaz, é uma falta de respeito deixar alguém a cargo de uma missão que, se não é impossível, é quase. Disse também que não devemos atrelar nossa felicidade às circunstâncias, pois, se esperarmos a ausência problemas para sermos felizes, jamais o seremos, pois esse dia nunca chegará.
Então, meu companheiro de caminhada disse que, após pensar no assunto durante muitos anos, formulou o conceito de que "felicidade é passar por tudo na vida com serenidade". Claro que procurei ouvir atentamente tudo o que ele tinha para dizer sobre isso (ando concentrado em aprender a ouvir mais do que falar), mas não havia nada que pudesse ser acrescentado a essa simples frase tão plena de sentido.
Obviamente, continuo sem ter minha definição sobre o assunto (nem sei se é algo que se defina), pois acho que chegar ao significado da felicidade é um percurso individual, que deve ser desenvolvido ao longo do tempo. Porém, certamente, essa conversa me acrescentou muito nesse mister.
Hoje, ainda pensando nisso, me lembrei de quando assisti ao filme "O signo da cidade" e fiquei me questionando sobre o que as pessoas precisam para se sentirem satisfeitas e completas. Por que existe essa carência, esse buraco na maioria das pessoas? E o que o preencheria? Amor? Dinheiro? Popularidade? Fama? Deus? Amor próprio? Poderia continuar citando elementos indefinidamente e, no fim, não chegaria a conclusão alguma, somente a mais questionamentos (que coisa mais socrática...).
Sei que escrever sobre felicidade parece meio clichê, mas não acredito que o seja... nem sei o porquê de pensar assim.
E pra vocês? O que é felicidade? O que seria capaz de fazer chegar ao fim essa busca aparentemente incessante do ser humano por "não se sabe o que"?
Um abraço a todos.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sutilmente...

Bom, agora abordando um assunto diferente da política, vamos falar de Skank.
Skank é uma banda que me chamou a atenção desde o primeiro álbum, com uma mistura de rock e reggae. "Jackie Tequila" não parava de tocar no toca-fitas da minha casa, hehe.
Com o tempo, a banda foi evoluindo, adquirindo sonoridades diferentes, ficando até um pouco, digamos, mais comercial, mas sem perder a qualidade, o que é algo que admiro muito. Versões que não desrespeitam as canções originais (algumas, muito ao contrário), melodias e arranjos bem trabalhados... Skank é agora uma banda madura e com uma certa estabilidade (será que é pecado dizer isso no que se refere ao mundo da música?).
Ontem um amigo me falou sobre o clipe da nova música "Sutilmente"... hoje acordei, sentei-me em frente ao PC e resolvi conferir o tal vídeo.
Assistir ao videoclipe não foi nada menos do que agradavelmente surpreendente... Eu sou muito ligado em tudo o que diz respeito a cinematografia, e esse vídeo realmente é alguma coisa. Várias bandas já fizeram clipes coreografados e sem cortes (1234, da Feist; Around the world, do Daft Punk, etc.), até mesmo ao contrário (Bleed it out, do Linking Park e The scientist, do Cold Play, por exemplo), mas a idéia genial desse clip foi mostrar a banda e os dançarinos de duas perspectivas diferentes no mesmo enquadramento, com uma produção super respeitável e uma fotografia bem adequada.
Sem mais enrolação aí vai o videoclipe e o making off (não deixem de assistir... é quando a gente se surpreende de verdade). Abraços a todos.



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pedir pra sair com dignidade...

Antes de ler esse post, leia Prelúdio.
Proponho agora uma comparação entre dois tipos de políticos:
Há alguns dias, o senador Aloísio Mercadante anunciou que, caso fosse executada determinada manobra que beneficiaria o presidente do senado José Sarney, deixaria a lidernaça do PT no senado. As palavras de Mercadante:“Eu me recuso a fazer este tipo de coisa. Só se for com outro líder. Eu coloco meu cargo à disposição”.
Foi uma atitude muito louvável da parte de um senador que tem uma história política comparativamente menos comprometedora (apesar de, há algum tempo, ter defendido a Petrobrás em caso de improbidade fiscal).
E então, apesar dos protestos e ameaças de Mercadante, a manobra é realizada e Sarney sai ileso das investigações sobre inúmeras irregularidades. O senador diz que comprirá sua palavra e anuncia a renúncia à liderança no senado do Partido dos Trabalhadores. Preparo meus aplausos efusivos.
Eis então que, após um pedido de Luís Inácio Lula da Silva para uma conversa em particular, o ainda líder da bancada do PT no senado decide adiar a renúncia ao cargo para atender à solicitação do Presidente. Os aplausos ficaram em suspensão até segunda ordem... Imaginei que Mercadante realmente devia uma satisfação a Lula pela decisão de deixar o cargo, devido à longa história de militância em conjunto. Seria uma consideração a um velho amigo e aliado político.
Então, na sexta-feira dia 21 de agosto, em um longo discurso com diversas justificativas ao estilo "Se é pelo bem de todos, e felicidade geral da nação..." o senador volta atrás em uma decisão antes "em caráter irrevogável" e diz que opta por ficar na presidência da bancada do PT... Baixo meus braços ao longo do corpo, os aplausos sepultados no cemitério da frustração...
No fim das contas, toda essa comoção foi como preliminares quentes que echem de expectativas, seguidas de um desempenho vergonhoso na "hora H". Muito frustrante, sem dúvida.
Penso que existem duas interpretações para tudo isso.
Possibilidade um: Ele nunca planejou deixar o cargo... a decisão supostamente muito firme do senador na verdade não era tão firme assim, e tudo não passou de um blefe, uma chantagem. Então Mercadante viu que não funcionou e voltou atrás com o "rabinho entre as pernas". Isso demonstra uma total falta de consideração aos próprios princípios, podendo esses serem disfarçados como um meio de se conseguir aprovação pública. Nesse caso, o tiro saiu pela culatra.
Possibilidade dois: Ele realmente planejava deixar o cargo... mas o presidente Lula disse algo que o convenceu de que tal medida seria um suicídio político através de um conhecimento de fatos relevantes da carreira de Mercadante que poderiam vir a tona (o famoso "rabo preso", pronto, falei). Não preciso nem discorrer sobre isso, não é mesmo?

Bom, por outro lado, temos o exemplo da senadora Marina Silva, que, após ter seus apelos para que se colocassem em prática medidas de proteção ao meio ambiente ignorados por membros de seu partido, decidiu deixar não somente o cargo de ministra do meio ambiente, mas o próprio partido. Em entrevista a Jô Soares, Marina disse que não se interessava em fazer um enfrentamento em seu próprio partido, mas, sim, um encontro em outro, onde suas idéias fossem levadas em consideração. Na referida entrevista, o Partido dos Trabalhadores não recebeu críticas diretas, tendo a ex-ministra simplesmente deixado bem claro que mudou de partido devido a uma divergência de opinião.
Tudo isso mostra uma atitude elegante e firme por parte da senadora, que não fez alarde desnecessário na mídia, não anunciou nada que não fosse colocar em prática. Jogou limpo todo o tempo e deixou suas idéias bem claras, dando as devidas satisfações à população e não desrespeitando o partido pelo qual militou durante tanto tempo.

Esses são dois tipos de políticos diferentes... pena que não temos muitos outros como Marina Lima. Nesse caso, nossa política seria muito mais coerente, e poderíamos decidir com mais propriedade em quais idéias projetos fazer nossas apostas. Vamos valorizar os políticos que nos permitem essa possibilidade de pensamento.
Como eu já disse antes, meu objetivo aqui não é dizer em qual candidato votarei ou fazer campanha para quem quer que seja. Não estranhem se vocês lerem nesse blog elogios a quem foi criticado ou vice-versa.

Um grande abraço a todos. Em comemoração à liberdade de expressão na política, deixo vocês com os grandes Chico Buarque de Holanda e Milton Nascimento.


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Prelúdio

A abordagem de assuntos relacionados a política encerra, na maioria dos casos, uma certa dificuldade. Isso se deve ao fato de que o assunto diz respeito ao coletivo, mas a interpretação dos fatos e dos acontecimentos, bem como das opiniões, é de âmbito individual.
Exatamente por isso, gostaria de deixar bem claro que não tenho a pretensão de representar nenhuma classe, comunidade ou grupo de pessoas nos elementos discutidos nesse blog. Aqui registro minhas opiniões individuais, e o fato de citar o nome deste ou daquele candidato não representa uma campanha a favor ou contra o mesmo. Até porque o voto secreto foi um direito que conquistamos, e eu não costumo declarar publicamente o meu.
Também é importante dizer que tenho consciência de minhas limitações intelectuais e de conhecimentos técnicos e, mesmo se tais limitações não existissem, saberia que não é de minha competência convencer ninguém. Muito pelo contrário, estou sempre aberto a receber e processar novas informações e opiniões (toda aquela coisa da metamorfose ambulante, e tudo mais, hehe...)
Várias pessoas, ao presenciar demonstrações de minhas opiniões, já questionaram: "Você gosta de política?". Ao fazê-lo, recebem sempre a mesma resposta: "Em alguns momentos gosto, em outros, é uma chatice, mas, independente de gostar ou não, tento cumprir meu dever cívico, procurando informações para que eu possa tomar minhas decisões com o necessário embasamento".
Sei que essa é uma conversa de botas batidas, mas o voto é de uma importância decisiva no caminho que seguirá nosso país. Sobre isso, muitas pessoas têm a opinião de que os novos políticos que assumirem o cargo continuarão a fazer o mesmo que fazem os outros. É isso que dá a um candidato a propriedade em dizer que está se lixando para a opinião pública. Minha teoria sobre isso é simples: Política, em diversos lugares, incluindo o Brasil, é uma carreira que muitos desejam seguir por muito tempo. Isso é um fato que trabalha a nosso favor. Todas as carreiras dependem de esforços de manutenção, correndo o risco de se prejudicarem ou mesmo terminarem, caso o sujeito não esteja cuidando da mesma. Na política não devia ser diferente. Se um representante popular soubesse que sua carreira política está em risco quando toma determinadas atitudes, ponderaria com mais cuidado antes de fazê-lo. Mas o que acontece é que, em sua maioria, os eleitos seguem seu rumo tranquilamente, sabendo que a opinião pública não irá interferir na hora do voto, até porque a maioria do público não tem opinião.
Uma das (poucas) coisas sensatas que nosso presidente disse: "Quem não gosta de política está fadado a ter sua vida governada por quem gosta".
Esse post é somente um prelúdio para o que o seguirá. Faço isso para que o leitor tenha a consciência do que envolve minha decisão em escrever sobre política.
Àqueles que não se interessam por esse assunto, haverá sempre outros posts com outros temas aqui. A diversidade é um conceito que será sempre cultuado nesse blog.
Abraços a todos.